OS CÃES FAREJADORES
Graças às extraordinárias capacidades sensoriais do cão, em particular a do olfato, o animal pode ser utilizado em tarefas muito variadas, algumas delas, realmente, inesperadas. Assim, existem cães farejadores, meteorologistas e, até, geólogos. Alguns estão sendo treinados para encontrar obras de arte roubadas outros, em grande número para detectar drogas camufladas em bagagens e cargas.
OS CÃES A SERVIÇO DA ARTE
Para identificar uma obra de arte, ou um objeto de coleção, roubados e disfarçados, utiliza-se um grande número de processos (implantes metálicos, tintas invisíveis, etc.). No entanto, por muito numerosos e diferentes que sejam, estes meios não são de uma eficácia total.
Duas investigadoras francesas, Claudine Masson, do INRA CNRS, e Marie-Florence Thal, do CEIA, tiveram a idéia de recorrer aos cães. O princípio do seu método baseia-se na utilização de substâncias (cuja fórmula se mantém em sigilo), invisíveis a olho nu e imperceptíveis ao olfato humano, que se podem pulverizar sobre um quadro, por exemplo.
Ensinam-se os cães jovens, da Polícia Civil e da Federal, a reconhecerem tais substâncias. Têm sessões periódicas de treinamento até que consigam identificar as moléculas odoríferas presentes, mesmo que estejam misturadas com outros cheiros, O cão transforma-se, assim, num "detector biológico", muito superior a todos os "farejadores" físicos existentes.
No entanto, quando as moléculas são multiplicadas para se conseguir uma infinita variedade de códigos que correspondam a outros tantos odores, os detectores físicos são, incontestavelmente, mais eficazes.
Mas os cães têm, sobre todos os outros meios, a vantagem do deslocamento. É possível levá-los, facilmente, ao lugar em que esteja uma obra de arte para ser identificada. Nos aeroportos, nas estações ferroviárias e nos restantes lugares públicos, é só passear com eles por entre as bagagens. Os cães treinados serão capazes, durante toda a sua vida, de farejar as esculturas, as jóias ou os quadros roubados, na condição, é claro, desses objetos estarem "marcados’. As obras marcadas por este processo são incluídas num fichário informatizado.
Os trabalhos de Claudine Massori e de MarieFlorence Thal proporcionaram-lhes um prêmio. As duas pesquisadoras criaram uma empresa de segurança.
OS CÃES METEOROLOGISTAS
Em Nova Iorque, uma emissora de rádio local contratou como meteorologista uma jovem cadela Labrador chamada Cindy. Quando ela queria sair de manhã, isso significava que ia fazer bom tempo. Se ficava enrolada no seu cesto, era porque o tempo ia estar ruim.
Realmente, o cão é capaz de prever, principalmente chuva ou vento, daí a expressão "está um tempo de cão". Segundo se diz, ele o anuncia, comendo grama, revolvendo-se no chão, cavando e farejando por todos os lados. E possível que seja sensível às variações da pressão atmosférica, através dos gases que emanam do solo em quantidades cada vez menores e que detecta pelo cheiro (ver Les Animaux-Météo, de Philippe Copé, Balland, 1982).
Como muitos outros animais, os cães agitam-se durante o tempo que precede os terremotos: por isso, pode ser útil observar o seu comportamento.
OS CÃES FAREJADORES
No começo da década de sessenta, foi colocado em prática, na Finlândia, um programa dirigido pelo Instituto de Pesquisa Geológica e subsidiado pelo governo, de treinamento de Pastores Alemães para descobrirem depósitos de minerais (em especial cobre e níquel). Assim, o primeiro cão geólogo deve ter sido um Pastor Alemão chamado Rajan, treinado pelo finlandês Pentti Mattason. Passado muito pouco tempo, Rajan havia conseguido descobrir 330 amostras de mineral numa superfície de nove quilômetros quadrados, muito mais do que um homem munido de um aparelho detector.
A eficácia dos cães alcançou um alto grau, tanto em terreno pantanoso como em terra oculta por musgo ou coberta de neve. Assim, existiu um Pastor Alemão que farejou minerais a vários metros de profundidade, sob um solo esponjoso, estando o recorde em doze metros.
O treinamento é longo. Inicialmente, ensina-se o cão a localizar as rochas que contêm sulforetos, misturando-as com amostras comuns.
Depois treina-se o animal para cavar a terra e latir quando encontrar um mineral interessante, primeiro na superfície e depois debaixo de terra. Para isso, caminha a uns dez metros do homem, que lhe vai dando as ordens. As vezes os cães operam em grupos de três, numa formação em leque. Neste trabalho, nem mesmo os mosquitos, que existem em tão grande quantidade na Lapônia, os detêm.
Encantados pela experiência finlandesa, a antiga União Soviética e a Suécia também formam cães geólogos. Na carreira dos cães, poderiam ser incluídas muitas outras proezas, (embora nelas pareça intervir um sexto sentido havendo quem não hesite em classificar essa capacidade de paranormal).
O prodigioso olfato do cão tem sido uma das características destes animais mais utilizadas pelo homem há séculos. O seu sentido olfativo é,surpreendentemente, cerca de mil vezes superior ao dos seres humanos.
Portanto, tenta-se aproveitar eficazmente esse maravilhoso órgão biológico de detecção, o nariz do cão.
A idéia de se utilizar os cães para a detecção de tóxicos, remonta à época da guerra do Vietnã durante a qual, o consumo de heroína entre os soldados norte-americanos causou graves problemas.
Em 1970, os norte-americanos decidiram drogar cães para fazer com que detectassem a droga quando sofriam da síndrome de abstinência.
Este cruel e bárbaro procedimento foi logo abandonado pois os cães assim intoxicados sofriam de transtornos hepato-renais e cardíacos que lhes causavam rapidamente a morte...
Por conseguinte, é totalmente errôneo pensar que os atuais cães rastreadores de drogas estejam drogados.
Se tal método fosse utilizado hoje, seria severamente punido. De qualquer maneira, não serviria para nada pois, os cães devem ser operacionais durante as vinte e quatro horas do dia, uma vez que as operações de rastreamento não são programadas com antecedência.
O RASTREAMENTO OU A PAIXÃO PELA BRINCADEIRA
O cão rastreador deve ter várias qualidades. Deve ser um bom cão cobrador, dar provas de ter uma grande resistência física e estar dotado de potentes qualidades olfativas. Também deve sentir paixão pela brincadeira, pois esta é a base do treinamento. Depois de ter aprendido a responder à chamada do dono, andar a passo, sentar-se e ficar quieto, o jovem cão aprende as primeiras lições especializadas brincando com a droga... mas sem que isso acarrete algum problema para a sua saúde.
Em um saco de nylon introduzido num tubo de PVC, um dos materiais mais duros, coloca-se um pouco de maconha. O tubo em questão, tampado nas suas extremidades e com minúsculos buracos, é envolvido numa folha de poliuretano e depois em um tecido de algodão, para que se pareça o mais possível, com os brinquedos para cão. Acostumado ao cheiro da droga, o cão deve encontrar o seu brinquedo favorito escondido de uma maneira cada vez mais difícil; nos assentos, nos faróis ou no filtro de ar de um automóvel.
Para o cão, o rastreamento é apenas uma excelente ocasião para brincar com o dono.
CADA UM COM A SUA ESPECIALIDADE
Depois dessa primeira fase de treinamento, o cão deve se acostumar ao ritmo dos aeroportos, ao movimento das auto-estradas, e entrar em contato com ou trás drogas, desta vez as mais pesadas: heroína, cocaína, morfina... Só então a dupla dono-cão será realmente operacional.
Regra geral, cada cão especializa-se numa única variedade de droga, o que lhe permite alcançar uma eficiência máxima.
Mesmo quando a droga estiver numa caixa hermeticamente fechada, através do material desprendem-se moléculas de ar portadoras do seu odor, e mais ainda se o pacote esteve numa atmosfera com a temperatura muito alta. O cão experiente pode, inclusive, detectar a droga num lugar tão insuspeitável como por baixo de 30 centímetros de azeite, numa cisterna de água ou um saco de especiarias. Na alfândega dos aeroportos, por exemplo, o cão explora a uma velocidade incrível, qualquer equipamento, pacote ou veículo.
Os traficantes de drogas, assim que constataram a eficácia deste novo método de busca, experimentaram diversos meios para despistar o cão. E a busca perdeu eficácia durante um tempo devido à pimenta, aos alhos, à cebola ou às bombas de mau cheiro.., com que se impregnavam os objetos que levavam a droga. Mas os treinadores organizaram cursos mais complexos para acostumar o cão a todos esses odores até torná-lo quase infalível.
Em outubro de 1986, traficantes suíços transportaram gatos no carro onde tinham escondido as drogas para enganar o olfato dos cães da alfândega. Os cães, seduzidos frente ao odor e à visão dos gatos, esqueceram-se por completo do que tinham aprendido. Mas descobriu-se o subterfúgio e ensinou-se aos cães que não fizessem caso da presença dos pequenos felinos.
Graças a estes indispensáveis auxiliares, todos os anos se descobrem quilos de drogas. E uma coisa é certa; para o cão, tudo isto não passa de uma brincadeira.
AS RAÇAS
As duas raças de cães que os profissionais preferem são o Pastor Alemão, de treinamento fácil e flexível, utilizado peles polícia e pelas alfândegas, e o Retriever do Labrador dotado de um faro excepcional, uma robustez a toda a prova e uma excepcional paixão na busca. Na realidade, trata-se menos de raças particulares do que de um tipo de cão. Os "farejadores", estão dotados de um olfato incomparável e sabem utilizá-lo. Em certos casos prefere-se o Labrador porque é um animal resistente e de tamanho menor que o Pastor Alemão. Introduz-se mais facilmente pelos celeiros e pelos sôtãos. Sociável, brincalhão e hábil, o Labrador é um cão doce, equilibrado e muito receptivo.
No Brasil, a cadela de maior destaque na localização de drogas é uma Springer Spaniel.
Fonte: Coleção
NOSSOS AMIGOS, OS CÃES
Extraído do site www.dogtimes.com.br ,
gentilmente cedido por Mariana Saliola.