PADRÃO COMENTADO - POR ROMY FIELDS


Escrito por Romy Fields, Juíza FCI. - www.zackslabradors.com 

Decidi fazer a análise do padrão da raça do Labrador já que considero de extrema importância que algo seja publicado sobre a raça em português. Minha experiência na raça vem desde 1975, quando adquiri meu primeiro Labrador na Escócia. Com a minha vivência no Brasil, as inconsistências que observei e observo na raça, junto às diferenças do padrão inglês e o americano, considero essencial fazer um padrão comentado baseado explicitamente no padrão e tradições ingleses, já que o padrão inglês é o padrão válido no Brasil, como membro completo do FCI.

Esse padrão comentado foi elaborado com a consciência de que até mesmo dentre o padrão inglês há uma variação de tipicidade, no entanto, isso não retira o fato de que as tradições e o padrão deverão ser respeitados. Principalmente porque, eu não poderia recriminar outro tipo de Labrador que se inclui no padrão, mesmo que não seja de meu gosto. Eu certamente estaria limitando a criação de outros.

Encerro essa introdução citando a falecida Condessa Lorna Howe, criadora da raça por mais de 60 anos: "Se um Labrador lembra-lhe outra raça, não é um Labrador".

Padrão Comentado

O padrão inglês é certamente curto e simples, ou não? Registros da raça existem desde o início do século XIX, e registros amplos foram guardados da raça desde sua chegada na costa de Dorset England, consequentemente, com a fundação da raça, certas tradições e lógicas cresceram com ela. Portanto, deixe-nos observar o padrão e lembrar dele como um guia para manter as tradições.

Aparência Geral: O Labrador apresenta um quadro balanceado. Ele é um cão robusto, com ossatura ampla, porém não excessiva. O crânio é largo, as costelas são arqueadas em forma de barril. O peitoral é largo e profundo. Ele continua largo no lombo e é essencialmente "short coupled". Ele é um cão harmonioso. O Labrador que tem uma variação drástica do padrão, como ossatura excessiva ou pouca, não terá a mesma força e resistência que um cão correto. Para enfatizar esse quadro, o Labrador é um ótimo exemplo de um cão que usa balanço estático por causa de sua estrutura. Apresentando um quadro firme e quadrangular. Exemplos de cães que não usam esse balanço estático por inúmeras razões e por causa de vários pontos construcionais e consequentemente necessitam de mais energia são o Dandie Dinmont Terrier por causa de seu crânio grande ou um Setter Irlandês por causa de sua linha superior esportivo ou o Greyhound Italiano por causa de sua linha superior esgalgado.

Características: Durante os primeiros 70 anos de criação na Inglaterra, o Labrador não era vendido. Haviam acordos entre os primeiros criadores da raça, onde os cães eram negociados entre as famílias nobres, baseados em aprimorar os pontos fortes de cada cão, tais como: acasalar um bom faro com um bom faro, uma boca doce com uma boca doce, inteligência com inteligência e assim por diante, aprimorando as funções da raça que fazem dele o cão que conhecemos hoje, com ótimo temperamento, excelente faro, e boca doce. Um cão amante da água e companheiro excepcional.

Temperamento: Um ponto de honra da raça. Um cão extremamente inteligente e sensível aos nossos desejos, com uma índole gentil e um forte desejo de agradar, que pode ser observado no seu olhar equilibrado sem nenhum traço de timidez ou agressividade. Um Labrador com o temperamento correto irá sempre olhar para o dono diretamente no olho. O temperamento ideal do Labrador em tempos modernos faz dele um cão bastante adaptável.

Cabeça e Crânio: A cabeça é larga no crânio, porém sem ser totalmente reta. O padrão original de 1912 dizia que deveria dar espaço à mente. O Stop é definido, sem dar uma expressão dura, tanto no macho quanto na fêmea. O focinho é de comprimento médio e largo, visto de lado e de cima, apresenta um formato quadrangular, com espaço para acomodar uma presa de aproximadamente 5 Kg na boca, confortavelmente. As bochechas são retas, sem excessos, dando aparência clássica e suave à linha do crânio. Mandíbula inferior não afilada. O focinho é poderoso com narinas bem desenvolvidas e de cor escura. A expressão doce é muito apreciada tanto no macho quanto na fêmea.

Olhos: De tamanho médio, formato nem redondo, nem amendoado, nem de colocação profunda, nem para frente, nem para trás, nem de formação oblíqua, é um olho expressivo e normal que mostra sua boa índole. Um olhar inteligente, sabido. De cor marrom ou avelã (isso não varia com cor de pelagem). A cor dos olhos no chocolate pode ser de um tom um pouco mais claro.

Orelhas: De tamanho médio. O que significa médio? Não são pendulares para não se ferirem no campo, não são altas, nem baixas e ficam rentes à cabeça, não tirando sua linha clássica. São práticas e rústicas. Devem ficar em alerta quando você chama a atenção do cão. Mais uma vez demonstrando o temperamento. O comprimento não deve ultrapassar a linha do maxilar.

Boca: Os padrões inglês e americano diferiam antes de 1993 e isso é um ponto de controvérsia. No entanto, de primeira importância é que a mordedura seja em tesoura. O padrão inglês diz, mordedura em tesoura é interpretado da seguinte maneira: uma mordedura em tesoura ajuda uma boca doce e o caçador esportivo prefere quando há um molar ou dois faltando no cão dizendo que isso protege a presa. Em um cão de caça um ou dois dentes faltando é considerado de pouca importância. Um julgamento inglês jamais penalizará falta de dentes. A falta de um ou dois dentes não afeta a função do cão.


Pescoço: Limpo, forte e musculoso, também a primeira indicação de estrutura. O pescoço é largo em proporção ao corpo e desemboca ao fundo da omoplata. A linha superior do pescoço é maior que a inferior, um pescoço de cisne não é apropriado, o comprimento do pescoço compõe a harmonia do cão, mas deverá ser suficientemente longo para carregar a presa para fora da água.

Anteriores: A omoplata e o úmero formam um angulo de 90º, assegurando que a construção anterior do animal seja adequada o suficiente para carregar a presa sem forçar a boca ou pescoço, assegurando bom alcance. A construção anterior é a mola que protege o balanço da estrutura.

Se uma pessoa fosse traçar uma linha reta da cernelha diretamente ao chão, ela atravessara o cotovelo e terminará encostando na parte traseira da pata. A omoplata deve posicionar-se rente ao corpo permitindo movimento frontal livre. A ossatura da perna é forte e reta, vista de frente ou lateral e o metacarpo tem aparência ligeiramente flexível.


 


Corpo: O peito é largo e profundo e combina com as costelas, que são arqueadas em forma de 'barril'. A linha superior é reta e firme. A garupa é curta, forte e nivelada em direção à base da cauda. A linha entre a cernelha até a base da cauda não deve ser curta, apesar do lombo ser curto, largo e short-coupled. O Labrador não tem a barriga esgalgada e a linha inferior é quase nivelada.


 


Posteriores: Bem desenvolvidos, musculosos e angulados. O músculo da perna é firme e a segunda coxa é bem desenvolvida e poderosa. O jarrete é forte e o calcâneo é limpo, liso, sem sinal de irregularidades e é visto nivelado ao chão quando o cão está parado naturalmente. Um jarrete curto complementa a linha do joelho. Consequentemente trazendo uma boa flexibilidade posterior. Os posteriores são retos, paralelos e essa linha deve manter-se estável do centro da coxa ao chão. Jarrete de vaca deve ser severamente penalizado.


 


 


Patas: Não são parecidas com patas de gato, tão pouco com patas de coelho. Dedos são firmes, rentes, fechados e bem arqueados. As almofadas são bem desenvolvidas. É uma pata elegante e prática. Um carpo muito angulado, com aparência quebrada na junta da pata é incorreto.

Cauda: Ponto característico. A única raça com "rabo de lontra". É larga na base, ocupando aproximadamente um terço do lombo e com uma aparência arredondada. A cauda afina-se gradativamente a um certo ponto e é coberta por uma pelagem curta e densa. A colocação da cauda é nivelada à garupa. Pode ser carregada de maneira alegre, mas não deve curvar-se sobre o dorso do cão. É de tamanho médio e não deve ultrapassar o jarrete. A cauda de lontra dá o acabamento ao cão. O Labrador usa sua cauda para demonstrar seu humor. Na água a cauda é usada como leme.


Movimentação: A Movimentação é livre, poderosa e eficiente. O Labrador usa paralelismo, sem apresentar fraqueza nos metacarpos. Com um olhar observador devem-se detectar faltas como: ombros soltos ou os posteriores em movimento cruzado e/ou quebrado. Ele deve exibir um quadro de poder e elegância. Observando um verdadeiro cão em movimento, a pata traseira deverá encaixar-se perfeitamente no local deixado pela pata dianteira, demonstrando alcance e impacto. Ao deixar o campo de visão, as patas posteriores deixam o chão formando um angulo reto da junta coxo-femoral ao chão.



 


Pelagem: A pelagem é densa, curta, e sutilmente áspera ao tato. Uma pelagem genuinamente dupla. A pelagem é sem ondulações ou penugem e deve proteger o cão como um todo, inclusive na linha inferior, isto era essencial para proteger o cão nos climas mais frios de sua origem. Cheque o subpêlo passando os dedos pela coxa e se isso deixar uma marca na pelagem está correto. Cuidado com cães de pelagem preta muito brilhante, eles podem ter uma pelagem singular, porem isso não deve ser confundido com um cão na troca de pelagem. O Labrador troca de pêlo mais ou menos duas vezes ao ano, fator que não deve ser penalizado com muita severidade se há evidência de pelagem dupla.

Cores: São aceitas preta, amarela e chocolate (fígado). O amarelo varia do creme claro ao vermelho raposa. Chocolates variam em tonalidade. Uma pinta branca no peito é permitida no preto e chocolate. Às vezes uma pinta branca é vista na parte traseira das patas dianteiras, isto é tolerado e denominado "Bolo Marks".

Altura: Altura ideal - machos 56 a 57 cm (22" a 22 ½") e fêmeas 54 a 56 cm (21" a 21½").

Nota: machos devem apresentar dois testículos normais completamente descidos e bem acomodados na bolsa escrotal.

Faltas: Qualquer desvio dos pontos apresentados anteriormente devem ser considerados faltas e ser julgados de acordo com seu grau de importância, mantendo em mente a função do animal a toda hora. As faltas a seguir têm a intenção de auxiliar o julgamento do Labrador e deve ser lembrado que em nenhum momento no padrão o termo "deve" está sendo usado. Estas faltas estão sendo registradas aqui, usando uma ordem de gravidade puramente pessoal: