FEBRE MACULOSA


O Presente manual foi idealizado para auxiliar o veterinário nos casos em que a transfusão sangüínea em caninos e felinos é indicada.  

Na maioria das vezes as transfusões são realizadas em caráter de emergência, em pacientes extremamente anêmicos e sujeitos a risco de vida imediato, independente da causa.

Pretendemos que este manual venha a ser extremamente útil e pratico, capaz de, ao ser consultado, fornecer elementos necessários à coleta e transfusão de sangue nas espécies consideradas, não se pretendendo aqui tecer considerações quanto à classificação e ao estudo das anemias.

  OBJETIVO DA TRANSFUSÃO  

A transfusão sangüínea tem por objetivo manter a vida no paciente acometido de considerável redução de células sangüíneas e manter a circulação da hemoglobina em níveis satisfatórios. paralelamente, seu efeito se faz sentir na recomposição da volemia nos casos de choque hemorrágico agudo, não devendo ser a transfusão utilizada única e exclusivamente com esta finalidade.

Geralmente, nestes casos, a transfusão com sangue armazenado sob condições ideais tem contribuído efetivamente para a recuperação do animal por um prazo de 20 dias. nos casos de anemia não regenerativa e naquelas do tipo não hemolítica uma única transfusão tem sido satisfatória.

INDICAÇÕES DA TRANSFUSÃO 

1- A transfusão é indicada quando ocorre baixa da concentração celular sangüínea acompanhada com sintomas clínicos de anemia ( mucosas pálidas, taquicardia, sopro cardíaco funcional: sopro anêmico ). como parâmetros de hemoglobina e de hematócrito que exigem transfusão, podemos considerar os seguintes limites mínimos:

 

NO CÃO: HEMOGLOBINA................................ 5g/100ml
  HEMATÓCRITO................................. 15 %

NO GATO: HEMOGLOBINA................................ 4g/100ml
  HEMATÓCRITO................................. 12%

2 - Durante as cirurgias prolongadas e traumatizantes com grande perda de sangue.  

3 - Nos estados de hipoproteinemias resultantes de prolongada inanição, de enfermidades parasitárias consuntivas, de infecções, de queimaduras e de intoxicações.  

4- Como terapia inespecífica estimulante, com a finalidade de restabelecer a resistência dos animais e nos casos de convalescença prolongada decorrente de tratamentos cirúrgicos.  

CONTRA-INDICAÇÕES DA TRANSFUSÃO  

A maior contra-indicação a ser considerada é a que diz respeito à incompatibilidade do sangue transfundido com o do receptor. no entanto, em pacientes com hemorrágica aguda e sob risco de vida, o sangue deve sser aplicado como recurso de emergência, sem maiores cuidados.  

Nos casos de cães com doenças auto-imunes (anemia hemolítica auto-imune), apesar de não ocorrer incompatibilidade, mas apenas maior destruição de eritrócitos do sangue transfundido, não há inconvêniecia da transfusão, desde que se tomem cuidados adequados para esta situação.  

No cão, o grau de depressão ao estímulo eritropoiético ocasionado por uma transfusão ainda não é bem conhecido. na prática, transfusões repetidas em cães e gatos não parecem diminuir significativamente a eritropoiese.  

SELEÇÃO DO DOADOR  

Sucesso de uma transfusão depende de criteriosa seleção do doador. selecione cães com idade acima de um ano, pesando entre 20 a 30 quilogramas, não obesos, de temperamento dócil e fácil manejo, que anteriormente não tenham recebido transfusões. a prática tem mostrado que cães de raça pointer, pastor alemão, dálmata e outros cães mestiços de grande porte se prestam muito bem para esta finalidade. Em hospitais veterinários é importante que 2 ou 3 animais de propriedade do estabelecimento estejam sempre disponíveis, nas condições acima descritas.  

Os doadores devem ser clinicamente sadios, apresentarem boas condições físicas, isentos de parasitos de qualquer espécie, cercados de atenção especial com relação àquelas moléstias possíveis de serem transmitidas por via sanguínea. É recomendável, cada seis meses, vacinar os doadores contra a cinomose, a hepatite infecciosa e a leptospirose.

Hematócritos periódicos constituem norma recomendável para se aquilitar o nível sangüíneo capaz de assegurar uma transfusão satisfatória.

Considerando que na prática a tifificação do sangue canino é dificultada pela ausência de soros espacíficos, convém que o profissional se baseie na observação dos pacientes que receberem a transfusão. caso haja repetição de repetição de reações transfusionais, o doador deve ser substituído.  

De preferência, deve ser usado um doador cea-1 e cea-2 negativos, antigamente classificado como tipo a negativo, sendo que as chances de encontrá-los são de 40 %.

Modernamente, os grupos sangüíneos são classificados com a abreviação cea (canine erythrocytes antigens) e em número de oito, assim distribuídos:

 

GRUPO INCIDÊNCIA
CEA- 1 40 %
CEA- 2 20 %
CEA- 3 5 %
CEA- 4 98 %
CEA- 5 25 %
CEA- 6 98 %
CEA- 7 45 %
CEA- 8 40 %

Dos grupos acima mencionados, somente os cea-1 e cea-2 são muito reativos. transfusões feitas em cães que foram previamente sensibilizados com cea-1 ou cea- 2 resultam em reações graves, com hemólise severa.  

Os outros antígenos remanescentes reagem, muito fracamente em cães previamente sensibilizados, sendo rara a ocorrência natural de anticorpos.

COLETA DE SANGUE  

Existem duas formas de coletar sangue: a direta e a indireta.  

Direta é aquela feita com o objetivo de uma transfusão imediata do doador ao paciente. este método tem se mostrado ineficiente na maioria das vezes, levando-se em conta a inquietude dos pacientes e dos doadores.  

Na indireta o sangue coletado é armazenado em recipiente apropriado para sua conservação, constituindo-se no método mais utilizado em medicina veterinária.  

A) PREPARO DO DOADOR  

Doador deve ser previamente tranqüilizado com cloridrato de clorpromazina na dose de 3 a 5 mg por quilograma de peso vivo. ao total da dose tranqüilizante, adicionar atropina na dosagem de 0,4 mg por quilograma de peso, e injetar lentamente por via endovenosa, utilizando-se da veia cefálica. após 15 minutos de aplicação o doador estará em condições para a coleta do sangue.  

Alguns clínicos preferem anestesiar o doador com barbitúricos de curta ação. a prática tem mostrado não haver nenhuma inconvinência para o receptor, com relação ao sangue transfundido nestas condições.  

B) ÁREAS DE COLETA  

Sangue deve ser obtido referentemente da veia jugular, pós prévia tricotomia da região a fim de assegurar a limpeza e assepsia da pele. após assepsia com phiso-ex ou isodine, garrotiar a veia jugular na altura do manúbrio externo.  

Pratica-se a punção do vaso com agulha grossa (agulha descartável n.º 15) ou cateter, e a seguir conecta-se o apropriado e deixa-se o sangue fluir livremente.  

Alguns veterinários preferem utilizar agulha e equipo previamente umedecidos com heparina, antes da coleta. outros recomendam a aplicação de heparina na dosagem de 150 a 300 ui/kg pv, via ev, 5 minutos antes da coleta. ambos os procedimentos visam evitar a formação de coágulos nas agulhas e equipos.

Tão logo o sangue flua livremente pelo equipamento coletor, conectar uma agulha grossa na extremidade livre e introduzir no frasco coletor, no local indicado "entrada", e o sangue fluirá para dentro do frasco. convém lembrar que o frasco coletor possui vácuo e a tampa somente deverá ser perfurada quando o equipamento coletor estiver adequadamente montado, com o sangue fluindo.

Outra técnica de coleta consiste na punção cardíaca. nestes casos, usar agulha grossa nº15, puncionando o ventrículo direito ou esquerdo com o animal previamente anestesiado. esta via não é recomendável para doadores selecionados, pois há risco de sua perda.  

QUANTIDADE A SER COLETADA DE UM DOADOR  

Estudos recentes concluíram que a quantidade de sangue por kg de peso corporal, no cão, é de aproximadamente 111,3ml. um doador selecionado, que não se pretende sacrificar, poderá doar 20ml/kg, com coletas repetidas cada 2 semanas, sem prejuízo para o doador. o controle do hematócrito e da hemoglobina média assegurará os níveis de qualidade do sangue.  

Entretanto, nos doadores que serão sacrificados deve ser coletado o máximo de sangue possível.

RECIPIENTE PARA CONSERVAÇÃO DO SANGUE.

Os recipientes para coleta de sangue são de plástico ou de vidro, contendo anticoagulante no seu interior, para uma determinada quantidade de sangue.

Três tipos de anticoagulantes são mais usados para a conservação do sangue:

 

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