ENTREVISTA - SITE ARGENTINO "MI QUERIDO LABRADOR"


Leia a integra da entrevista concedida ao site www.miqueridolabrador.com.ar

1 - Seu primeiro Labrador foi adquirido como pet, ou você já estava determinado a formar um plantel?

             Meu primeiro Labrador foi recebido de presente, como pet, mas foi a partir dele que tomei a decisão de formar um plantel. Infelizmente, o primeiro cão que adquiri com esse fim veio a apresentar displasia, me causando muita dor e desapontamento, permanecendo anos como proprietário somente de labs “sem criar”, e só depois de alguns anos consegui de fato iniciar meu plantel com um macho de excelente qualidade, o Black, de criação do Canil Summer Side, tradicional canil de São Paulo.

 2 - Quais os canis que mais chamaram sua atenção quando de sua decisão de formar seu próprio plantel e por quê?

             O único canil de onde efetivamente adquiri filhote (pup), ou seja, no Brasil, foi o canil Summer Side, adquiri posteriormente adultos de outros canis, tais como do canil Tokay Lab, e do canil Aquila’s Labradors, nos Estados Unidos, que trabalha com a linhagem Beechcroft e Hampshire (USA), a 15 anos atrás não tínhamos a facilidade que a internet hoje nós proporciona, hoje podemos com alguns cliques conhecer por fotos o plantel de quase todos os bons canis do mundo inteiro, isso se traduzia em grande dificuldade para nós criadores na escolha tanto de filhotes, bem como adultos para acasalamento de nossas fêmeas.

 3 - Teve alguém no início de sua criação a quem você recorria para aconselhar-se com mais freqüência? Alguém que você poderia dizer ser seu mentor?

             Infelizmente não tive tal sorte, fui aprendendo praticamente sozinho lendo publicações estrangeiras sobre a raça, e mais recentemente a partir do ano de 2000 em diante com a grande amizade que se consolidou com a Criadora Christina Leno – Aquila’s Labrador, consegui junto com ela desenvolver um padrão de criação em conjunto.

 4 - Cite dois livros que você considera fundamental ter lido. E o que está lendo atualmente?

             Um dos livros importantes para mim foi o Advanced Labrador Breeding, da Mary Roslim-Williams, e The Ultimate Labrador Retriever de Heather Wiles-Fone, Atualmente, estou lendo Marley & Eu, um livro que conta as aventuras de um Labrador em sua família, pura diversão para quem ama esses cães.

 5 - Com que idade você faz a seleção de seus filhotes? Por quê?

             Começo Selecionando os filhotes normalmente na idade em que os envio aos compradores, por volta das 8-9 semanas de vida, fazendo a principio uma pré-seleção, excluindo a principio sempre os que menos me agradam e mantendo os mais promissores, Esta idade em minha opinião é uma boa idade para eles irem para suas novas casas, é também a idade em que se considera que são mais parecidos com o que serão no futuro, podemos dizer que são miniaturas do que potencialmente vão ser.

 6 - Quais os pontos que você considera de maior dificuldade de prever num filhote quando da avaliação? Quais os pontos que na sua avaliação já podem ser considerados definitivos?

             Filhotes sempre serão só uma promessa E NADA MAIS. A maior parte daquilo que enxergamos neles no momento da seleção pode mudar ao longo do tempo. O que realmente não muda é a tipicidade, um filhote típico não vai ser um adulto atípico. A cabeça é muito difícil de prever, costuma mudar bastante em algumas linhas de sangue. As angulações, por sua vez, costumam se manter conforme a avaliação inicial, geralmente frentes melhoram e posteriores pioram, essa é a minha amostragem, de qualquer forma é sempre desejável um cão que tenha boa profundidade de peito, costelas bem arqueadas, olhos de cor correta, não seja longo... tenha um bom pescoço e top line, assim como uma cauda harmoniosa.

 7 - Qual o sistema de acasalamentos que você mais usa em seu canil, linebreeding, inbreeding, outcrossing?

             Utilizo bastante line-breeding, e um pouco de in-breeding, Dificilmente uso out-cross, porque há muito risco de se herdar algumas características indesejáveis já retiradas de seu plantel. Quando faço outcross, é muito planejado, e com linhagens conhecidas, que me dêem a segurança de estar usando um cão que não vá trazer para minha criação principalmente problemas de saúde.

 8 - Qual o ponto, em termos de estrutura, que você considera mais difícil de ser melhorado e fixado num plantel?

            Angulações de Anterior e Posterior, aprumos, correta colocação das escapulas, é exatamente nestes pontos  que direciono meus maiores investimentos. A estrutura dos cães propriamente dita. Nada é fácil de mudar, mas essa é uma das características mais difíceis, a tipicidade é importante, mas é preciso lembrar que um cão extremamente típico mas com “patas curtas” por exemplo não cumprirá a função, assim como o que tem angulação errada de anterior , ou mesmo um úmero curto, também terá dificuldade para movimentar-se.

 9 - Onde você acredita estar os melhores plantéis de Labrador do mundo? ( três países )

             Atualmente, sem duvida nos Estados Unidos, e nos Paises Nórdicos, a Inglaterra infelizmente já perdeu a muito essa posição, tem bom plantel mas comparado aos outros citados é inferior.

 10 - Quais as maiores mudanças que você vem notando na raça nos últimos anos?

             Alguns criadores tem criado erroneamente cães extremamente pesados e atarracados (over) comparado aos grandes cães do passado, o que talvez leve a uma perda das aptidões para a função original, infelizmente. Em minha modesta opinião não podemos jamais esquecer que os Labs são “SPORTING DOGS” é foram criados com o intuito de recolher a caça, cães com as características citadas acima terão certamente dificuldade em desenvolver sua função certamente.

 11 - Quando você está julgando, o que você considera mais importante, movimentação ou tipicidade em caso de decisão final?

             A tipicidade é fundamental, mas Movimentação é essencial também. Se houve um empate, é porque ambos os cães são típicos, mas uma movimentação limpa sem problemas de anterior/posterior, uma colocação correta do pescoço na movimentação em circulo é difícil de encontrar, e é essencial para a raça, no meu entender labs são concebidos para serem cães esportivos, e não podem se dar ao luxo de movimentar-se de forma precária, consumindo energia em excesso na movimentação.

 12 - O que você pensa sobre falta de dentes em cães e qual a importância que você dá para este item em seus julgamentos?

             Considero que as faltas dentárias, desde que não sejam exageradas, obviamente, não são uma falta grave no Labrador, e não penalizo nenhum cão por faltas dentárias. Essa é a orientação que recebi da própria FCI, em correspondência que recebi como resposta a um questionamento nesse sentido. Na Inglaterra, o país de origem oficial da raça, isso não é levado em conta, então não vejo nenhum motivo para levar, uma vez que isso não compromete a função da raça, mas como criador não posso deixar de notar e sempre buscar ter bocas mais completas, é uma meta de longo prazo, mas que deve ser observada e perseguida pelos bons criadores.

 13 - Considerando os EUA, país que você tem julgado com freqüência, quais os pontos que você destacaria positivamente e quais negativamente em relação ao Reino Unido?

             Na verdade só julguei nos EUA, infelizmente na Inglaterra ainda não tive a oportunidade, mas assisti já a exposições em muitos paises inclusive a Grã Bretanha, os EUA tem quantidade e sendo assim torna-se tanto mais fácil ver cães excelentes como cães medianos, no Reino Unido a criação é mais selecionada e encontra-se praticamente toda em um mesmo nível, mesmo assim particularmente hoje gosto mais dos labs criados nos EUA, para mim em caráter geral a criação americana representa mais o labrador esportivo que me agrada.

 14 - Qual o sistema de reprodução que você utiliza no seu canil como rotina, monta natural ou IA?

             Rotineiramente, utilizo a monta natural, e só eventualmente a IA, em casos bem específicos.

 15 - Quantos cães você tem em média no seu canil?

             Em média em idade reprodutiva cerca de 20 cães, sendo cerca de 4 padreadores, e o restante matrizes e cães jovens que estão sendo avaliados constantemente.

 16 - Quando você está planejando um acasalamento, qual destes pontos você admite deixar de considerar: tipo, estrutura, pedigree, progênie? E a qual deles você dá maior atenção?

             Se possível, não deixaria de lado nenhum desses aspectos. Mas, se fosse necessário, talvez deixasse de lado a progênie, se percebesse que não foram feitos bons acasalamentos, ou acreditasse muito no potencial genético do cão, o Pedigree as vezes também deixa de ser importante. Mas de forma alguma deixaria de lado a tipicidade. Conversando com um criador de outra raça muito experiente ele me disse uma vez que podemos observar todos esses pontos, mas se não tivermos “sorte” ... de nada adiantará, na verdade de forma simples eu acredito que um excelente macho, acasalado com uma excelente fêmea, terão filhos de qualidade superior, no meu entender é bastante simples.

 17 - Você planeja acasalamentos visando à busca específica de melhores fêmeas ou melhores machos?

             Planejo acasalamentos buscando melhorias na raça, não em machos ou fêmeos. Quando preciso de fêmeas no meu plantel, busco boas fêmeas na ninhada, quando preciso de machos, busco bons machos. Tenho conseguido produzir bons cães de ambos os sexos, e fico muito feliz com isso, porque machos e fêmeas são igualmente importantes. Mesmo um macho excelente não terá uma excelente progênie se não tiver fêmeas à altura.

 18 - Qual a linha do pedigree você dá MAIS atenção em um acasalamento, materno ou paterno? Por que?

             Não concordo que uma das linhas do pedigree seja mais importante do que a outra. Geneticamente, ambas têm exatamente o mesmo peso, e devem ser igualmente consideradas. Como já disse, um bom macho precisa de uma boa fêmea, e vice-versa, porem dentro de uma linha de sangue um experiente e bom criador sabe identificar dentro de uma ninhada as probabilidades de melhores machos ou fêmeas, isto porque acompanha a progênie, e a tendência dominante de alguns cães na reprodução.

 19 - Em termos de estrutura, qual o ponto que faria você não usar um reprodutor, seja macho ou fêmea, por melhor que ele fosse?

             Ser portador de doenças genéticas, em especial a displasia coxo-femural exclui 100% da possibilidade do uso de machos ou fêmeas.  Em termos estruturais, é difícil pensar em alguma característica isolada que fosse séria o suficiente para me fazer descartar definitivamente um cão da reprodução, até porque, se há alguma característica assim, o cão não pode ser bom, mas de fato me incomoda muito cães com angulações pobres tanto de anterior como de posterior, falta de profundidade de peito é inadmissível também, sou bastante exigente com os carpos/metacarpos... e com os dedos também.

 20 - Cite três cães dos últimos 5 anos que mais lhe impressionaram positivamente:

             No Brasil, sem duvida LILLIMARS POWER OF LOVE, padreador chocolate importado da Suécia pelo Canil Tokay, que começou essa revolução de chocolates no Brasil, trabalho complementado por AQUILA’S COMEDY OF ERROS – “JJ”, cão citado na entrevista da Sra. Jacqueline Quiroz, como o que mais a impressionou em todos os tempos, foi ela quem deu BIS a ele em Ribeirão Preto a  3 anos atrás, “JJ” também é o Pai de “Dream” de criação do Canil Wilkur Frei, e propriedade de Isabel Tamarit que fez tanto sucesso pela argentina, assim com pai de “EMILY” e ”AL PACINO” (Atual Lab # 1 do Brasil com 10 BIS em 7 meses de campanha) e de MELISSA que esteve na argentina com Décio Salvatore.

No Argentina, conheci CHARM’s SMOKE GUN, é constatei ser um excelente cão.

No Uruguai, de propriedade de JAYME MEZERRA, temos o UNO, que também me agrada muito.

SUMMER STORM KENNEL LABS - CANIL # 1 DE LABS DO BRASIL 2004/2005*/2006* - Ranking DOGSHOW - CBKC*

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