Será que todos concordamos que a criação de labradores é uma paixão?
Para nós criadores de fato acho que sim, mas será que concordamos com o discurso cheio de hipocrisia que alguns criadores gostam de pregar em seus web sites? Vejamos....
E chover no molhado dizer que quem cria tem responsabilidade com a preservação da raça e bla bla bla... nos é claro, e me incluo neste rol, que criamos de fato, sem compromisso de ter lucro, de auto-sustentar nosso canis, temos essa responsabilidade, e sabemos bem o que queremos da raça, e o que devemos esperar de nossas criações, e sendo assim, seguindo este raciocínio, dentro de uma ninhada temos exemplares que são selecionados para a manutenção de nosso plantel (renovação) para que possamos dar continuidade a nossos planos e a nosso tão inalcançável sonho de criar o cão perfeito, e outros a que destinamos a venda, que não menos típicos, não menos queridos, não menos saudáveis, e muitas vezes não com menos qualidade do que o que elegemos para manter conosco (uma vez que todo filhote é uma promessa, e quem diz algo contrario disso esta enganando o comprador).
É ai...!!!! e que entra a problemática dos filhotes, alguns criadores, entendem que não devam ser “produzidos” filhotes com o intuito de arcar com os custos da criação, mas o que seria produzir? tirar dentro de um ano 3 ninhadas? 5 ninhadas? 10, 15??? qual seria esse limite? e será que podemos prejulgar os criadores pelo numero de ninhadas que por ventura criarem?
Nossa opinião é de que a diferença entre um criador responsável e um criador puramente comercial não tem nenhuma relação direta com a quantidade de cães que este cria, pois pode existir um criador comercial de 1 ninhada, de 2... ou com 10 ninhadas, e o mesmo raciocínio pode ser utilizado com um criador responsável. A diferença básica SEMPRE será a ética. A ética e o respeito para os cães e o objetivo final da criação deste individuo, pois dentro da busca da perfeição, o único caminho e o de tentativa, erro e acerto, ou será que existe outro método? E assim o criador vai levando sua criação, sempre com responsabilidade, mas sempre com um excedente inevitável, pois em uma ninhada não nasce apenas 1 exemplar, e sim 7.. 8, as vezes 10 ou mais.
Que destino deveria ser dado a esses filhotes excedentes? A eutanásia? O CCZ?
Logo chegamos a conclusão de que o único caminho é vende-los, ou será que alguém discorda disso?
Se o objetivo de vender os filhotes não é o de tentar ao menos ajudar “custear” o canil, seria então mais nobre dizer que eles são vendidos para que os criadores se livrem do “problema”? dos custos da manutenção de um canil com 50/100 animais? Sim... porque em pouco tempo qualquer criador teria 100 animais se não os vende-se.
Se o objetivo não é custear a criação, e sim praticar apenas um hobby, movido pela paixão, porque não doar todos os animais criados? Não seria mais condizente com o discurso anterior? mas talvez mais perigoso para a raça? E mais... Acreditando no discurso de que o canil é custeado 100% pelo criador, o que ele faz com o dinheiro que arrecada quando vende seus filhotes, faz doações a instituições de animais abandonados, creches, ou compra perfumes importados?
Essa pergunta eu gostaria de ver respondida...! pois no entanto estes mesmos criadores que discursam desta forma, são os que se vangloriam por venderem seus filhotes pelos maiores preços, porque será? Se um filhote não tem um valor especifico por conta da cor, do sexo, dos custos inerentes da criação? porque não vender todos digamos por 300,00... 500,00 reais, dando a oportunidade para que cada vez mais pessoas possam ter o prazer de ter nossos típicos labradores? porque vender a 1500 U$ 2000 U$...??? como esses criadores chegam a esses valores? que tipo de calculo é usado? se não se baseiam nos custos inerentes da criação, na lei da oferta e da procura, se baseiam no que? no valor de suas paixões? paixão tem valor? no valor agregado de seu tempo? existe será algum tipo de calculo do qual seres normais posam calcular o valor da afetividade x paixão x conveniência x sabe-se lá o que? para chegar aos 2000 U$? por exemplo?
Qual é o mal de se admitir que um canil deveria ser auto-sustentável? isso é crime? Qual é o mal de se chegar a conclusão que um filhote tem sim um custo para ser criado? e que esse custo deveria no mínimo ser ressarcido ao criador, já que o custo financeiro nisso tudo é de 2º importância, em face ao esforço pessoal e tempo dedicado a sua criação, fazendo partos, acasalando cães, cuidando de canis, deixando noites por dormir... ora!!! é preciso lembrar que nem todos neste pais são fazendeiros? são milionários, tem dezenas de empregados? e que não vivemos da Disneylândia? que estamos vivendo no Brasil, criando cães e não cavalos de raça, será que os criadores que vendem seus filhotes e que revertem essa receita para melhoria de suas instalações, compra de ração de boa qualidade, investem em higiene, em bons veterinários, em importação de exemplares para a continuidade de sua atividade, em viagens para mostrar seus cães em exposição... na manutenção de bons empregados? estão errados?
A Criação de cães então seria uma atividade somente para mega-milionários excêntricos, que discursam sobre uma paixão doentia, mais que em descompasso com seus ideais vendem seus filhotes cotados em Dólares americanos?
Somente a estes magnatas, de um grupo tão seleto é permitido praticar este hobby?
Hipocrisia a parte, nos vendemos sim nossos filhotes, até porque entendemos que nada que é dado ou doado tem seu valor, as pessoas se sentem bem em comprar, pois compram algo que desejam e que confiam ser algo de qualidade, não discursamos dizendo que filhotes não podem ter valores diferenciados, claro que podem e devem ter se for o caso.
Filhotes tem que ser vendidos sim, pois na hora de arcar com um possível problema genético, muitos se esquivam, com alegação duvidosa de que suas criações são meramente um hobby e que não apuram lucro nenhum e por isso não “teriam” responsabilidade sob o que criaram, nós não pensamos assim. Entendemos que é muito pratico, se esquivar de suas próprias responsabilidades alegando pura e simplesmente que a criação de labradores é uma paixão, que é um atividade feita por amor... por hobby... passatempo, ou seja lá o que venha ser.
A registrar: de uma coisa nós se orgulhamos, nunca fomos processados Judicialmente por nenhum de nossos “clientes”, e quando tivemos alguma reclamação sobre algum filhote de nossa criação, sempre fornecemos a maior atenção, e apoio, seja oferecendo outro filhote, orientando, enfim... nunca deixamos ninguém na mão, e se orgulhamos muito disso.
Quando será que os criadores vão entender que quem dita regras de mercado não são os criadores de fato, e sim os oportunistas, pessoas estas que nos mesmo os criadores "criamos", como “Monstros” que adormecidos um dia vão atacar, e evidente que não generalizemos, mas muitos das ninhadas “produzidas” por amadores e criadores de ocasião, vendidos no Mercado livre e Orkut, são criados com cães adquiridos de criadores de fato, alguma duvida sobre isso?
Solução, ela talvez exista.. mas esta muito longe de ser alcançada, pois não existe vontade de se resolver isto, a única coisa certa e que cada um deveria tomar conta de sua vida, ao invés de ficar perdendo tempo na frente de computadores escrevendo textos filosóficos, recheados de frases superlativas e de hipocrisia, alias muita hipocrisia diga-se de passagem.
Roberto Rodrigues Junior 02/02/2007
Sob a máscara do esquecimento e do equívoco,
invocando como justificação a ausência de más intenções, os homens expressam
sentimentos e paixões cuja realidade seria bem melhor, tanto para eles próprios
como para os outros, que confessassem a partir do momento em que não estão à
altura de os dominar.
Sigmund Freud, in 'As Palavras de Freud'