EHRLICHIOSE
É causada por um parasita chamado Ehrlichia
canis. Seu ciclo de vida envolve tanto animais invertebrados (o carrapato
marrom do cão) quanto vertebrados (cães). A partir de um animal doente:
um carrapato sobe no cão e resolve chupar seu sangue. Junto com o sangue vem a
ehrlichia que passa a se alojar dentro do carrapato. Lá ela se desenvolve e
quando o carrapato vai sugar novamente o sangue que poderá ser de outro cão
(ou até do mesmo ) ele joga para dentro da corrente sanguínea novas ehrlichias
junto com sua "saliva anticoagulante". Sendo assim, um cão
contaminado pode disseminar a doença para todos os cães da redondeza.
As Ehrlichias são organismos
parasitas obrigatórios e precisam das células do hospedeiro para se
desenvolver. Sendo assim atacam as células de defesa do organismo (leucócitos).
Para quem entende ou é mais curioso: Células mononucleares, linfócitos e
raramente neutrófilos e também plaquetas.
FASES DE DESENVOLVIMENTO
A doença apresenta 3 fases:
1) Fase Aguda
- os sinais clínicos podem aparecer de 1 a 3 semanas após a infecção mas
geralmente são brandos e não chamam a atenção do proprietário : depressão,
letargia, anorexia, perda de peso e até febre. Na maioria das vezes, se o
animal não tiver uma carga significativa de carrapatos, o estado geral de
"tristeza" parece uma fase na vida do animal e como é autolimitante
(se resolve sozinha) o proprietário muitas vezes não desconfia do que está
por vir. Nesta fase da doença ainda se encontra carrapatos no animal.
2) Fase Subclínica
- pode durar de 6 a 10 semanas mas alguns animais permanecem nesta fase por
meses e até anos. Nesta fase não há sintomatologia e o animal parece estar
muito bem de saúde.
3) Fase Crônica
- geralmente não se encontra mais carrapatos nesta fase (por isso às vezes não
se desconfia da doença). Esta é a fase onde se encontra a maior expressão de
sinais e sintomas: depressão, perda de peso, anemia, abdomen sensível, aumento
do baço, fígado e linfonodos (mas não muito evidente), pequenas hemorragias
puntiformes na parede abdominal e ponta de orelhas e nas mucosas (vaginal,
peniana, conjuntiva ocular...) também podem aparecer, edema de membros e infecções
secundárias. Como as Ehrlichias atacam as células de defesa do organismo, este
não tem como se defender de outros organismos chamados de oportunistas porque
aproveitam que o animal está debilitado para se instalar. Por isso, se você
desconfia que o problema do seu cão é uma pneumonia mas ele nunca fica bom ou
fica por causa dos remédios mas logo aparece outra infecção em outro lugar ou
até recidivas. O organismo dele está indefeso pela ação da Ehrlichia. Além
disso ele ataca as plaquetas que participam da coagulação, daí as hemorragias
dos capilares. E olha que você só vê os capilares da pele. Imagine que isso
também acontece nos pulmões, articulações, rins......se atingir o cérebro,
pode causar meningite.
Dá pra ver que o quadro é sério e
bem feio, né? Mas, como eu digo sempre, biologia não é matemática e muitas
vezes os cães não apresentam sinais como as hemorragias ou o aumento do fígado,
o que pode confundir o mais experiente clínico.
DIAGNÓSTICO
O diagnóstico geralmente é dado em
um conjunto de informações como a história do animal, os sintomas, os exames
de sangue completo e sorologia.
É muito difícil encontrar um exame
de pesquisa de hematozoários (pesquisa da Ehrlichia no sangue) que dê
positivo. Isso porque a fase onde ela mais se encontra no sangue é justamente a
aguda, quando o proprietário muitas vezes não pensa que o animal possa estar
realmente doente e não leva ao clínico. Este último por sua vez, se não
tiver um histórico onde possa suspeitar de ehrlichiose, dificilmente pensará
em mandar fazer o exame e ainda: pasmem! algumas vezes o clínico suspeita mas o
proprietário acha impossível que seu cãozinho tratado à pão de ló possa
ter carrapato e se recusa a fazer o exame.
IMPORTANTE: se o cão vai na rua uma vez que
seja por 2 minutos, ele TEM chance de ser infectado por bactérias, vírus,
pulgas e carrapatos! caso contrário, não haveria necessidade de vacinar os cães
de apartamento! Portanto, todo cuidado é pouco!
TRATAMENTO
O tratamento existe, é à base de
drogas e quanto mais cedo começar, mais chances de recuperação o animal terá.
PROFILAXIA
Eliminar todos os carrapatos dos seus
cães, dos cães da sua família, dos vizinhos e amigos. Lembre-se você pode
tratar seu amigo muito bem mas se o seu vizinho deixa o cão dele com carrapato,
os carrapatos podem ficar pelas dependências comuns do seu prédio e um belo
dia se agarrar no seu cão.
Se tem uma casa que você freqüente
com o seu cão, procure saber se eles fazem controle de parasitas externos como
carrapatos e pulgas (que transmite um verme intestinal) lá. Não custa nada
perguntar e seu amigo merece este cuidado extra.
Colaboração da Dra. Claudia Youle
cyoule@uol.com.br