EMERGÊNCIAS VETERINÁRIAS
Reconhecer
a Emergência
Em medicina canina, as verdadeiras
emergências são de ordem vascular (hemorragias), cardio-respiratórias (edema
pulmonar agudo, síncope cardíaca), gástricas (torção do estômago, obstrução
esofágica) ou neurológicas (comoção cerebral, coma, convulsões), situações
que podem, todas elas, levar a um estado de choque, o qual também se verifica
nas insolações, intermações, nas alergias e nos politraumatismos.
Mas existem outras patologias que
também requerem tratamento urgente: picadas de insetos que provocam reações
urticariformes, mordidas de animais venenosos, ruptura do canal auditivo,
intoxicações.
Quanto às fraturas, embora seja
necessária uma rápida imobilização, não constituem realmente uma emergência
(exceto as expostas e as da coluna). Ao contrário, é melhor esperar vinte e
quatro ou quarenta e oito horas antes de intervir; assim, o hematoma terá tempo
de ser reabsorvido e a redução fica melhor.
Quando estas situações de emergência
ocorrem, em vez de ir com toda a rapidez ao veterinário, é preferível entrar
em contato com ele por telefone para verificar a localização geográfica do
consultório ou clínica e o horário de atendimento. Assim, se evitará perder
um tempo precioso fazendo "a ronda das clínicas". As ligações telefônicas
também permitem ao veterinário preparar-se para prestar os primeiros socorros.
Se a emergência ocorrer num contexto
traumatizante (acidente de trânsito, atropelamento, politraumatismo, etc.),
convém evitar toda a manipulação inútil, principalmente se houver a suspeita
de traumatismo da coluna.
Como
agir numa Emergência?
Se o cão estiver politraumatizado
(atropelamento com fraturas, uma doença respiratória, etc.), sempre que possível,
é preferível transportá-lo deitado numa tábua ou num suporte rígido. Também
se pode deitá-lo de lado (em decúbito lateral) sobre uma manta, uma toalha,
etc., que, para o transporte, se segura pelas quatro pontas, a fim de lhe evitar
inúteis e até perigosas trações dos membros.
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Se o cão sofrer de traumatismos múltiplos ou se estiver
com convulsões, deve-se colocá-lo numa manta e segurá-la pelas quatro
pontas. Esta forma de transporte, evita reações inúteis no primeiro
caso e movimentos desordenados no segundo. |
No caso de uma hemorragia externa,
deve-se colocar-lhe uma atadura fria.
Além disso, no caso de uma insolação
ou de um edema facial-conjuntival, pode-se aplicar uma compressa fria, para
moderar a hipertermia.
No caso de parada cardíaca, tenta-se
reanimar o animal puxando-lhe a língua, visando a desobstrução das vias
respiratórias. E importante colocar-lhe, primeiro, uma mão sobre o tórax,
para se certificar que é uma síncope cardíaca e não respiratória. Em caso
de parada respiratória, colocam-se as duas mãos abertas, uma sobre outra,
sobre o tórax do cão, pressionando-o ligeiramente por duas vezes e, depois,
retirando-as; deve-se, então, recomeçar, verificando se ele recupera a respiração.
No caso de convulsões, e a fim de
prevenir qualquer traumatismo secundário, é prudente colocar o cão numa
manta, como indicado acima, para lhe evitar os movimentos desordenados e
facilitar o seu transporte. Deve-se evitar luzes fluorescentes
Reações Urtifcariformes
São reações de hipersensibilidade
(alérgicas) generalizadas, menos severas que o choque anafilático
(anafilaxia). Aparecem na pele e são bem visíveis na face onde se verifica o
edema facial-conjuntival. Ocorre um entumescimento das pálpebras, dos lábios e
do focinho, conferindo ao cão um aspecto característico.
Geralmente é desencadeada por
picadas de insetos, medicamentos e certos alimentos, podem aparecer dificuldades
respiratórias. O tratamento é feito com antihistamínicos ou corticoides
Traumatismo Ocular
Geralmente de origem vascular, por
descolamento da retina ou por hipertensão intra-ocular, constitui uma emergência,
pois a conservação da visão depende da rapidez do tratamento. Em todo o caso,
e apesar de todos os progressos da medicina veterinária neste campo, o
descolamento da retina devido a um acidente simples, como por exemplo, a batida
de uma bola de futebol contra a cabeça do cão, ainda não tem um tratamento
que permita uma recuperação funcional satisfatória.
Prognóstico do Politraumatismo
O dono do cão que acaba de sofrer um
acidente pode estranhar que o veterinário lhe diga que ainda é cedo demais
para adiantar um prognóstico. Mas uma resposta diferente, nesta situação,
seria arriscada. O cão politraumatizado precisa ser colocado em observação,
para verificar se todas as suas funções vitais se mantêm como devem. Além
das funções cardíacas e respiratórias, que se podem avaliar relativamente
depressa, deve-se confirmar a integridade das vias intestinais e urinárias, bem
como as funções esfincterianas. Nas patologias neurológicas, a recuperação
funcional pode necessitar de um certo tempo, o correspondente à reabsorção
dos edemas cerebrais. Por isso, a complexidade do exame do cão politraumatizado
exige toda a atenção do médico e toda a paciência do dono.