ENTRÓPIO E ECTRÓPIO
As anomalias mais freqüentes das pálpebras
são o entrópio e o ectrópio. Ambos influem no globo ocupar e necessitam de
intervenção cirúrgica.
Entrópio
Esta má-formação manifesta-se por
uma inversão para dentro do bordo palpebral. Pode afetar tanto a pálpebra
superior como a inferior. As pestanas ou os pêlos (a pálpebra inferior do cão
não tem pestanas) em contato permanente com a córnea, irritam-na, provocando
um lacrimejar constante.
Três origens
O entrópio pode ser congênito,
reflexo ou adquirido.
O entrópio congênito
encontra-se em numerosas raças, em particular no Chow Chow, Shar Pei, Braco
Alemão, Cocker inglês e americano, Bulldogue e Labrador, entre outras. Tendo
em vista o caráter racial bem marcado desta doença, atribui-se uma origem
possivelmente genética.
O entrópio reflexo,
também chamado espástico, é conseqüência de uma violenta
dor ocular que provoca um blefaroespasmo, isto é, uma contração do músculo
orbicular das pálpebras, causador do fechamento do olho. Pode ser devido a uma
úlcera da córnea, à presença de um corpo estranho no olho, a uma queratite
ou a uma conjuntivite crônica.
O entrópio adquirido,
mais raro, costuma ser conseqüência de uma cirurgia palpebral
mal feita ou o prolongamento de um entrópio reflexo que se tornou irreversível.
Sintomas
Fáceis de descrever, separam-se da seguinte maneira:
epífor ou lacrimejamento;
blefaroespasmo (contração das pálpebras);
inversão do bordo palpebral;
todas as conseqüências ao nível da conjuntiva e da córnea, ligadas à irritação, como a queratite, conjuntivite, vemelhidão.
Em qualquer caso, o diagnóstico
diferencial do entrópio reflexo torna-se difícil de estabelecer. Na verdade,
é sempre delicado determinar o processo primitivo que deu origem ao entrópio:
lesões conjuntivas ou corneanas ou então inversão da pálpebra, podendo as
primeiras serem conseqüências da segunda e vice-versa. Assim, torna-se difícil
tomar a decisão de operar ou não.
O entrópio somente pode ser
corrigido pela cirurgia. Todas as técnicas conhecidas têm, por objetivo,
corrigir a inversão do bordo palpebral a fim de evitar traumatismos causados à
conjuntiva e à córnea pelas pestanas e pêlos.
Método Suave
Aplicado, especialmente, aos cães
jovens, pois pode-se esperar que o esticamento da pele melhore durante o
crescimento e desapareça a anomalia. É o que ocorre, principalmente, ao Shar
Pei, cujas pregas diminuem na idade adulta. Neste caso, procede-se à aplicação
de pontos de sutura intrapalpebrais, para manter o bordo da pálpebra distante
da córnea. Esta intervenção costuma ser praticada com anestesia local.
Método Forte
Consiste em recortar pedaços ne pele
e depois esticar a pálpebra com vários pontos de sutura para colocá-la de
novo em seu lugar. Realizada, necessariamente, com anestesia geral, esta
delicada operação exige um instrumental de pequenas proporções. Nos casos
graves, torna-se indispensável fazer várias correções cirúrgicas sucessivas
que necessitm de outras intervenções.
Se tudo correr bem, ao final de mais
ou menos 2 semanas, verifica-se a regressão total dos sintomas. Durante a fase
de cicatrização, coloca-se no cão um colar de proteção para evitar que se
machuque ao se coçar.
A necessidade de se recorrer a
esta técnica depende de fatores tão diferentes como a raça e a gravidade e a
posição da anomalia da pálpeba.
Ectrópio
É a má-formação inversa do entrópio.
O bordo palpebral, virado para o exterior, deixa de proteger a conjuntiva. O
ectrópio afeta apenas a pálpebra inferior. Pode ser congênito ou adquirido.
O ectrópio congênito observa-se
principalmente em cães de pele mole, como o São
Bernardo, Cocker e o Mastim
Napolitano. Além do característico olho
triste, os sintomas clínicos são um lacrimejar unido ao fato de a pálpebra
inferior não chegar a reter a película lacrimal e a vermelhidão da conjuntiva
permanentemente exposta às agressões do meio exterior.
O ectrópio adquirido é
conseqüência de uma cicatriz que repuxa sobre a pálpebra inferior, quer seja
devido a um traumatismo, quer por causa de uma sobrecorreção numa intervenção
cirúrgica de entrópio.
Tratamento
A intervenção cirúrgica só se impõe
realmente em caso de doença grave. A maioria dos animais acostuma-se a viver
com um ectrópio leve. A operação, realizada com anestesia, consiste em elevar
a pálpebra inferior por diversos processos. As suturas de pequeno tamanho, frágeis,
devem ficar protegidas durante o tempo de cicatrização. Nos casos complicados,
podem coexistir entrópio e ectrópio, em particular no São Bernardo e no Dogue
Alemão: é o que se chama de 'olho de diamante', cuja correção cirúrgica se
torna particularmente difícil.
Coleção NOSSOS AMIGOS, OS CÃES