HISTOPLASMOSE


A histoplasmose é uma infecção micótica causada por um fungo originário do solo Histoplasma capsulatum. O estágio miceliano no solo (fase saprofítica) produz microaleuriosporos e macroaleuriosporos, que são a fonte de infecção para os mamíferos. Este microrganismo tem uma ampla distribuição por todas as regiões temperadas e tropicais do mundo e prefere condições de solo úmido ou intensamente úmido, enriquecido com nitrogênio proveniente de matéria orgânica em decomposição, podendo sobreviver em ampla gama de temperaturas ambientais (de –18 a 37°C).

É considerada uma zoonose e sua ocorrência está associada a locais com alta concentração de fezes de aves e morcegos. Na verdade, a fonte de infecção está mais ligada aos morcegos, desempenhando as aves um papel passivo, pois não eliminam o agente, mas suas fezes ajudam a proliferação da fase saprofítica.

A histoplasmose é adquirida através da inalação dos microaleuriosporos, que convertem-se à fase de levedura no pulmão. A ativação do sistema imune celular rapidamente faz com que a infecção fique sob controle. Porém, se o sistema imune estiver comprometido, poderá ocorrer grave moléstia clínica. A gravidade da lesão depende da quantidade de esporos inalados.

Como ocorre em outras micoses sistêmicas, é difícil determinar a verdadeira taxa de infecção para o H. capsulatum em animais de companhia, porque a maioria das infecções são subclínicas. Os gatos tendem a exibir maiores evidências de envolvimento pulmonar, enquanto que os cães freqüentemente desenvolvem graves sintomas intestinais.

Nos cães, a maioria dos casos ocorre com menos de 4 anos de idade. A perda de peso e a diarréia são os achados mais freqüentes. A diarréia normalmente apresenta muco, tenesmo e sangue fresco. Algumas vezes, estas fezes podem estar aquosas e profusas.

No envolvimento pulmonar, encontra-se dispnéia, tosse e sons pulmonares anormais. Estão presentes muitas vezes mucosas pálidas, febre baixa, aumento do fígado, do baço e dos linfonodos, icterícia e ascite.

O período de incubação é de aproximadamente 10 dias. Após a inalação do agente, normalmente ocorre a forma pulmonar (aguda ou crônica). Posteriormente, por via hematógena, ocorre a forma disseminada (para outros órgãos).

O diagnóstico é firmado através dos sintomas clínicos e de exames laboratoriais. A radiografia torácica pode ajudar nos casos de envolvimento pulmonar. A radiografia abdominal pode revelar presença de líquido abdominal, aumento do fígado e do baço. Lesões ósseas podem ser vistas, mas são raras.

A histoplasmose pulmonar no cão pode ser autolimitante e pode resolver-se sem tratamento. Contudo, devido ao risco da disseminação, fica recomendada a terapia antifúngica. Para cães com envolvimento gastrointestinal e que apresentam extensa disseminação fúngica, sugere-se uma terapia bem mais rígida e agressiva, visto que estes pacientes freqüentemente estão gravemente debilitados e apresentam amplo envolvimento fúngico, e o tratamento muitas vezes não se mostra recompensador.