QUEDA DE PÊLO
É de conhecimento geral que o aspecto da pelagem reflete o estado de saúde dos animais domésticos. Quando um cão apresenta queda de pêlos pode ser um fenômeno normal ou, um sintoma de alguma doença que convém diagnosticar rapidamente.
Os pêlos nascem ligados à epiderme
e apresentam um ciclo de crescimento característico. No cão, não aparecem
dispostos isoladamente, existindo, às vezes, vários pêlos que saem do mesmo
canal folicular, formando um pequeno agrupamento, no qual geralmente se pode
distinguir um pêlo grosso e duro e vários pêlos mais curtos e ondulados. Na
realidade, existem muitas classes de pêlos, e o tipo de pelagem depende
precisamente da sua combinação.
A densidade do pêlo não é uniforme
em todo o corpo. E muito denso nas espáduas mas tornase ralo no esterno,
barriga, face interna das coxas e em volta das orelhas. Esta diferença é
particularmente perceptível nas raças de pêlo liso (Pincher, Dachshund).
Quando acontece uma anomalia no crescimento dos pêlos, essas áreas de fraca
pilosidade são as primeiras a revelar os Sintomas da doença, mesmo que esta
atinja toda a pelagem.
A
Muda
A muda é um fenômeno fisiológico
que, em condições normais, ocorre duas vezes por ano. Está estreitamente
relacionada com o crescimento dos pêlos e a suspensão do seu desenvolvimento,
duas fases cujos fatores determinantes não são conhecidos com exatidão,
embora, ao que parece, a duração do dia desempenhe neste processo um papel
essencial.
Quando começa? Quando tempo dura?
No cão existem, portanto, dois períodos de crescimentos do pêlo.
O primeiro começa com o grande
aumento de horas de sol que se verifica na primavera. E o chamado período da
muda da primavera, que acaba com a formação de uma pelagem curta e pouco
densa, a pelagem de verão.
O segundo período inicia-se quando
os dias ficam mais curtos. Corresponde à muda de outono, dando lugar á formação
da pelagem de inverno, mais espessa, comprida e grossa.
Estes fenômenos registram variações
de animal para animal. Alguns cães mudam lentamente durante o período longo,
enquanto que em outros essa fase dura poucas semanas. No primeiro caso, tem-se a
impressão que o cão perde pêlo sem cessar, ao passo que no segundo, a muda dá
ao animal um aspecto miserável, que evidentemente é passageiro, com os pêlos
caindo em grandes quantidades. Por outro lado, as mudas em um mesmo cão não
acontecem sempre da mesma maneira durante toda a sua existência e, as condições
em que ele vive (dentro de casa, aquecimento) têm uma grande influência na
evolução deste fenômeno fisiológico. Freqüentemente interpretada como uma
queda dos pêlos, a muda corresponde, na realidade, a um intenso crescimento de
novos pêlos que leva à queda da antiga pelagem.
Como
acontece?
Cada folículo piloso passa,
portanto, por três fases sucessivas, denominadas anagêneo, catagêneo e telogêneo.
O anagêneo corresponde ao período
de crescimento do pêlo. Durante este período, as células do bulbo piloso
dividem-se ativamente. Por baixo do antigo pêlo forma-se um botão, que expulsa
o primeiro: é a muda. Ao mesmo tempo, o bulbo afunda na derme.
O catagêneo é a fase de regressão
do folículo. A base do pêlo se transforma numa espécie de massa desprovida de
células vivas.
Durante o telogêneo já não existe
nenhuma atividade e o pêlo morto só está preso à pele pela bolsa fibrosa que
envolve o canal folicular.
No cão, nem todos os pêlos chegam
simultaneamente ao mesmo estágio de desenvolvimento (como acontece por vezes
com os roedores, que durante algum tempo parecem ficar nus). Todavia, sob certas
condições patológicas, o crescimento do pêlo cessa e os cães ficam só com
pêlos telogênicos. Este tipo de modificação pode ser vista por meio de um
exame dos pêlos no microscópio; no cão que se encontra nesse caso, a pelagem
torna-se menos densa, não devido àqueda dos pêlos mas sim pela falta de pêlos
de substituição: essa enfermidade chama-se alopecia.
Em algumas raças, o ciclo
prolonga-se por muito mais tempo do que o normal da muda e a pelagem pode
demorar mais de um ano para se desenvolver e atingir o comprimento final (raças
de pêlo comprido).
A queda do pêlo leva a novo
nascimento (o telogêneo dá lugar ao enogêneo). Por isso, verifica-se a
necessidade de uma escovação cotidiana que elimine os pêlos mortos e ao mesmo
tempo faça uma boa massagem na pele e favoreça o crescimento de novos pêlos.
AS
VERDADEIRAS QUEDAS DE PÊLO
Conhecido este ciclo, distinguem-se
dois grandes tipos de anomalias da pelagem: a queda anormal ou a destruição do
pêlo e as alopecias devidas a uma anomalia do crescimento. Em todo o caso,
distinguir um tipo do outro é, às vezes, uma tarefa delicada.
A
queda anormal ou a destruição do pêlo
A destruição dos pêlos deve-se,
principalmente, a causas locais, como as doenças parasitárias.
As micoses devidas ao desenvolvimento
de fungos, que se alimentam da queratina dos folículos pilosos e provocam a
quebra dos pêlos pela base, produzem lesões, freqüentemente circulares em
toda a pelagem. Quando os pêlos ficam destruídos, o fungo desaparece e começam
a crescer novos pêlos no centro das lesões em vias de cura. Mas um cão
afetado por micose, pode continuar infestado durante longo tempo, pois novas lesões
originam-se constantemente.
Os demodex, por seu lado, são minúsculos
artrópodes que se desenvolvem no canal folicular e na glândula sebácea anexa.
Estes parasitas sufocam o pêlo, que acaba caindo, observando-se o mesmo tipo de
lesão do caso anterior.
O ácaro da sarna, os carrapatos e as
pulgas produzem uma violenta coceira que leva o animal a coçar-se furiosamente,
fazendo com que o pêlo se quebre. Como a queda destes últimos é irregular
(madeixas), a pelagem assume um aspecto irregular e a pele fica irritada e
vermelha. Alguns produtos cáusticos podem ter os mesmos efeitos.
Às vezes, observa-se uma queda
violenta e simultânea de grande parte da pelagem. O fenômeno, a que se dá o
nome de alopecia generalizada, verifica-se quando existem doenças febris, em
conseqüência de um parto, na época do cio ou depois de emoções fortes (este
último caso também se verifica no ser humano). Em geral, a uma queda de pêlo
tão violenta segue-se o nascimento de pêlo novo.
As
alopecias
Nas alopecias o pêlo não nasce. A
lesão pode ser pequena, circular, localizada, por exemplo, no lugar da picada,
de uma injeção de um remédio ou de uma vacina (este tipo de reação é
imprevisível). Mas também pode ser um sintoma de uma deficiência geral devida
a uma doença sem relação direta com a pele, ou velhice. Assim como o homem se
torna calvo com a idade, no cão que envelhece é cada vez mais difícil renovar
a pelagens.
O mais freqüente é a alopecia
traduzir transtornos hormonais graves. Realmente, o pêlo está na dependência
direta de um grande múmero de hormônios que atuam direta ou indiretamente
sobre o folículo, com um efeito hormonal dependente de um sensato equilíbrio.
Assim, o hipotiroidismo costuma, ser acompanhado de uma alopecia progressiva do
lombo, que respeita unia simetria. Quanto à doença de Cushing, devida a um
excesso de hormônios corticóides, tanto pode provocar as mesmas anomalias como
traduzir-se numa produção de placas. O desequilíbrio entre os hormônios
sexuais (nos machos ou nas fêmeas) é, geralmente, a cansa de uma alopecia que
começa pela face posterior das coxas.
Finalmente, algumas alopecias são
hereditárias. Observam-se em certas raças, como nos cães pelados do México
ou da China, ou os SharPei. A alopecia também pode estar associada a rima
característica selecionada, e é esse o caso das variedades diluídas (azuis ou
isabelas) de algumas raças (Dobermann, Dogue Alemão) e dos Setters Irlandeses
dourados. De origem genética, é praticamente incurável.
Observam-se alopecias hereditárias
localizadas, como a orelha de couro do Dachshund. Em alguns exemplares, esta
anomalia consolida-se com a idade. Pode desaparecer espontaneamente e voltar a
aparecer. Algumas raças, com o mesmo tipo de pelagem do Dachshund, também
podem ser afetadas pela alopecia.
Coleção Nossos Amigos, os Cães