CASTRAÇÃO
Pesquisas recentes nos EUA indicam a castração antes da puberdade e apresentam suas vantagens. O objetivo do presente artigo é debater o assunto, questionando e discutindo se realmente existem efeitos negativos, geralmente atribuídos à carência hormonal.
Além dos tumores de mama, a castração precoce previne virtualmente quase todos os outros tumores relacionados ao sistema reprodutor, tanto em machos quanto em fêmeas, assim como outras doenças do sistema reprodutor. Por exemplo, uma doença muito comum em cadelas e gatas, principalmente naquelas que receberam hormônios para evitar o cio, é o Complexo Hiperplasia Endometrial Cística PIOMETRA, doença que se não for tratada a tempo, ou seja, se não for realizada a retirada do útero, pode levar a morte.
Custos
Economicamente, a cirurgia em filhotes é muito menos onerosa do que em adultos, pois consome menores quantidades de anestésicos e materiais em geral, sem ainda falar no tempo, pois a cirurgia é muito mais rápida do que no animal adulto.
Outra vantagem em se castrar filhotes
é fazer com que após a adoção, não exista o risco destes animais se
reproduzirem e agravarem problema da superpopulação, pois, a maioria dos
proprietários não está consciente do problema e deixa seus animais se
reproduzirem sem critérios. Quando se trata da fêmea o quadro é ainda pior,
pois, muitas vezes o que vemos são os donos matarem os filhotes assim que
nascem ou jogá-los na rua para que morram ou sejam adotados, e quando eles
sobrevivem acabam se tornando cães vadios , sem dono, passando fome nas ruas e
transmitindo doenças para outros animais e mesmo para as pessoas. O que fazer ?
Ser conivente com a carrocinha e o sacrifício em massa , ou adotar uma política
consciente de castração?
Mitos e Preconceitos
Embora com o conhecimento das
vantagens que a castração precoce pode propiciar, ainda existe um receio por
parte dos veterinários e da própria população em castrar animais jovens. Os
principais problemas citados na literatura mais antiga, e que caíram na crença
popular são citados e discutidos a seguir.
1.
Retardo no Crescimento
A maturidade do esqueleto está muito
relacionada a puberdade e sofre ação direta dos hormônios sexuais, além de
outros. Embora não essenciais os hormônios sexuais influenciam em todo o
metabolismo do esqueleto. Dessa forma foi constatado que a castração precoce
atrasa o fechamento das epífises ósseas, o que quer dizer que o animal
permanece em fase de crescimento por mais tempo e com isso tem estatura
ligeiramente maior do que teria se não fosse castrado; além disso não ocorrer
em todos os animais castrados antes da puberdade, este efeito não traz nenhum
problema, uma vez que não estamos falando de padrões de raça em animais que
participam de competições, pois, os animais para exposição devem reproduzir.
Quanto ao maior risco de fraturas,
nada foi comprovado a respeito e, na experiência dos autores onde mais de 13
filhotes castrados, entre cães e gatos, nenhum apresentou qualquer alteração
significativa.
2.
Obesidade
Cientificamente foi provado que
aproximadamente 30% das cadelas castradas engordam devido ao aumento do apetite,
e parece que o mesmo ocorre em gatas. Porém, se a ingestão de alimentos for
controlada após a cirurgia esse problema tende a diminuir.
Estudos realizados em ratos e seres
humanos, mostram que se a castração for feita antes da puberdade não há
aumento na tendência a obesidade, e o mesmo foi comprovado em nosso estudo com
cães e gatos onde nenhum dos filhotes castrados engordou em demasia após a
cirurgia.
3.
Problemas de pele
Vários problemas de pele tem sido
atribuídos a castração, como dermatites e queda de pelos, mas, nenhum
trabalho comprovou que tais problemas fossem inerentes a castração uma vez que
animais não castrados também apresentam estes problemas.
4.
Mudança de comportamento
É da crença popular que animais
castrados ficam mais mansos e preguiçosos. Vários trabalhos tem sido feitos
comparando em competições o comportamento e performance dos animais que foram
castrados após a puberdade, mas quando receberam a mesma alimentação e
cuidados que os animais inteiros não mostraram nenhuma diferença
Por outro lado, com relação a
"vadiagem", ou seja, o fato dos animais principalmente machos (cães e
gatos) viverem fora de casa, procurando fêmeas no cio ou brigas com outros
machos, estes hábitos diminuem em 90 % dos casos após a castração, além de
reduzir consideravelmente a agressão entre machos e a marcação de território
com a urina. Vale ressaltar que outros tipos de agressividade, principalmente no
caso de cães de guarda não é afetada.
Concluindo, nenhuma diferença de
comportamento nas brincadeiras, caça, monta, dominância e guarda, ocorre em
animais castrados, seja precoce ou tardiamente.
5.
Problemas urinários
Relativamente muito pouco se sabe com
relação aos efeitos dos hormônios sexuais sobre o sistema urinário em cães
e gatos.
Porém, sabe-se que os problemas
antigamente atribuídos a castração como aumento da predisposição a obstrução
uretral em gatos, ou a incontinência urinária em cadelas ainda merecem maiores
esclarecimentos.
A incidência de obstrução uretral
em gatos é a mesma em gatos castrados ou não, embora os mecanismos dessa
patologia ainda não tenham sido esclarecidos.
Com relação a incontinência urinária
em cadelas, ela pode ocorrer de semanas a anos após a cirurgia de castração,
assim como em cadelas inteiras. Vários problemas anatômicos e fisiológicos
estão associados ao problema e não se tem ainda uma causa definida. Se há
influencia hormonal, não há evidencias que surgiram que a castração precoce
irá potencializar o problema.
6.
Riscos anestésicos e cirúrgicos
Quando filhotes com menos de 12
semanas são anestesiados, atenção especial deve ser dada para o pequeno
tamanho do paciente e as diferenças na distribuição, metabolismo e excreção
dos anestésicos mas, de maneira geral a cirurgia é feita em menos de 15
minutos nas fêmeas e 5 minutos nos machos, tornando-se bastante segura.
7.
Predisposição a doenças infecto-contagiosas
Uma das maiores preocupações
daqueles que adotam a castração precoce é saber como o stress da anestesia e
cirurgia irá afetar a susceptibilidade a doenças infecto-contagiosas como a
Parvovirose ou Cinomose.
Quando a cirurgia é feita até os 30
dias de idade, os filhotes se recuperam imediatamente após o término da
anestesia e já começam a mamar e brincar uns com os outros mostrando que o
stress é mínimo assim como a dor parece ser a mesma de um corte de rabinho, o
que não ocorre em adultos os quais sentem muita dor e às vezes passam um ou
dois dias muito apáticos e sem se alimentar após a cirurgia.
De maneira geral vemos que a castração
precoce só traz vantagens e que é necessária a ajuda de todos aqueles que
gostam de animais para que possamos acabar com esse quadro horrendo que povoa
nossas ruas e canis municipais, sempre lotados de cães a espera da morte.
Patrícia Arrais Rodrigues da Silva CFMV 0773
(Brasília -DF)
Clínica è
Centro Veterinário do Gama http://www.apis.com.br/cvg
A intenção deste artigo não é
catequizar os leitores, nem sugerir que esta é a saída ideal para todos, mas
oferecer mais informação para que as pessoas possam pensar e analisar
alternativas com menos preconceito.
Não estou, aqui, fazendo apologia do
uso da castração como um método indiscriminado e milagroso para resolver
problemas comportamentais em cães. Apenas peço que vocês leiam este artigo
com interesse e com a mente aberta. Quanto a mim, prometo que vou tentar fazer
este artigo o mais simpático, divertido, instrutivo e agradável possível.
A castração ainda é um grande
tabu, uma prática que as pessoas ainda vêem como uma mera mutilação e
injustiça com os cães. Poucas pessoas sabem que a castração pode ser
um meio de ajuda nos problemas comportamentais dos nossos companheiros peludos,
e que não é só um meio de evitar filhotes numa casa onde existam machos e fêmeas
vivendo juntos.
Quando eu atendo clientes com
problemas de briga entre cães que moram na mesma casa, ou cães que são
extremamente possessivos, ou dominantes, ou que marcam o território
"deles" (leia-se a casa do dono) com pocinhas e mais pocinhas de xixi,
e que, por estas e por outras, estes cães já estão com seus dias contados,
procuro sempre desenvolver um programa de mudança comportamental que seja ao
mesmo tempo eficaz e pouco estressante para dono e cão. Também nestas ocasiões,
procuro passar todo tipo de informação que possa ajudar esta dupla a conviver
melhor e superar estes obstáculos. Muitas vezes a castração é trazida como
uma alternativa (as vezes a última esperança), e é aí que começam os
problemas de ordem física/emocional.
Claro que eu, como membro da
comunidade latina, entendo perfeitamente que este seja um assunto delicado.
Especialmente quando falamos na castração de machos. Talvez por um
problema cultural, é sempre melhor aceita a castração ou esterilização de fêmeas
(mesmo que humanas), do que de machos. Mesmo que, segundo os veterinários,
a esterilização nos machos caninos seja menos traumática, de recuperação
mais rápida, mais barata, e menos arriscada.
Mas vamos voltar aos aspectos
comportamentais dos caninos que é o nos interessa no momento. Primeiro, para a
gente tirar da frente logo os aspectos técnicos da castração, vamos a algumas
informações.
Segundo os veterinários, existem
pelo menos duas técnicas mais usadas para a remoção dos testículos do macho.
Uma é feita através de uma incisão na bolsa escrotal (saquinho) do cão e
outra através duas pequenas incisões na base do pênis. No caso da fêmea a
cirurgia é feita por uma incisão na barriguinha, onde o útero e os ovários são
removidos. Nestas cirurgias é usada a anestesia geral e a maioria dos veterinários
orienta seus clientes para que o cachorro tenha no mínimo entre 5 e 6 meses de
idade, embora já exista nos Estados Unidos alguns veterinários que operam
filhotinhos com 7 ou 8 semanas de vida. A instituição líder neste tipo de
procedimento é a Massachusetts Societ for Prevention of Cruelty To Animals do
Angell Memorial Animal Hospital de Boston. Como toda cirurgia, principalmente
por envolver anestesia geral, existe um certo risco, mas de um modo em geral é
considerada bastante segura. A recuperação tende a ser muito rápida.
A castração não deve ser usada
como o único recurso para corrigir problemas de temperamento e de maus hábitos
do cachorro, mas junto com um programa de mudança comportamental, ela pode ser
uma ajuda valiosa e definitiva.
Em que casos a castração é aconselhada?
No caso de fêmeas são especialmente
indicadas nos casos de agressão por proteção/possessividade e para cadelas
que fogem.
No caso de
cadelas que brigam entre si por dominância, existe um estudo que diz que a
castração antes dos 2 anos de idade pode piorar a situação em cerca de 50%
dos casos. Isto porque a falta de estrogênio deixaria de compensar o equilíbrio
em fêmeas que foram "masculinizadas" durante a gestação (segundo
uma teoria defendida por John Fisher - treinador e comportamentalista inglês,
reconhecido internacionalmente - a masculinização de uma fêmea ocorre quando
ela é gerada entre dois machos, ainda na barriga da mãe). As fêmeas
"masculinizadas" são aquelas que levantam a patinha para fazer xixi,
montam em outros cães e pessoas, e apresentam uma dominância exacerbada entre
outros comportamentos atípicos.
Quanto a parte da saúde física não
podemos deixar de mencionar que fêmeas castradas antes de atingir a
puberdade tem o risco de desenvolver câncer de mama reduzido a praticamente
zero e ficam totalmente livres dos riscos de contrair câncer e infecção de útero
e ovário. Também estudos sugerem que o problema com gravidez psicológica
diminuem consideravelmente.
No caso dos machos parece que a
castração tem um campo de benefícios ainda maior (desculpem rapazes!). Num
estudo conduzido pela Veterinary Medical Teaching Hospital of the University of
California e pela Small Animal Clinic of Michigan State University, sugere
que a castração em cães machos pode ajudar significantemente em
comportamentos indesejados, como: fugir, agressão contra outros machos, marcação
de território com urina, e montar em outros animais e pessoas.
O estudo avalia ainda se a mudança
no comportamento foi rápida (mudanças evidentes até 2 semanas após a
cirurgia) ou gradual (mudanças em aproximadamente 6 meses após a cirurgia).
Embora este estudo não deva ser
considerado como sendo uma representação completa e acurada das percentagens
de mudança de comportamento, ele serve, sem dúvida nenhuma, como um guia para
avaliação das chances de sucesso nesta operação.
Fazendo um resumo dos casos de castração
em machos estudados a gente tem os seguintes resultados:
Problema |
Casos |
Mudança |
Mudança |
Fugir |
94% |
47% |
53% |
Montar |
67% |
50% |
50% |
Marcação de Território |
50% |
60% |
40% |
Agressão contra Machos |
63% |
60% |
40% |
Foram estudados ainda os efeitos da
castração na redução da AGRESSÃO/DEFESA TERRITORIAL e também na redução
da AGRESSÃO POR MEDO, mas em ambos os casos não houve qualquer mudança nos
cachorros. Ou seja, a castração NÃO interfere com o instinto de
guarda do cão, tampouco o torna menos medroso.
Também NÃO ficou provado que a
castração torne os cães letárgicos, embora alguns donos tenham notado que seus cachorros
se tornaram mais calmos e mais carinhosos de um modo em geral. Vale lembrar que
existem diversas causas para um cachorro ser agressivo e a castração não vai
influenciar em todos os casos. Além disso, a testosterona (hormônio masculino)
não causa por si só a agressão, mas ajuda a "alimentá-la" e a
mante-la. É sempre importante entender as causas do comportamento agressivo de
um cão e sempre estabelecer um programa de treinamento e mudança
comportamental para tentar solucionar o problema.
Veterinários também aconselham que
sempre que houver uma piora em relação a agressividade, depois da castração,
é preciso checar outras possíveis causas de desequilíbrio hormonal, como por
exemplo, hipotiroidismo.
Embora não exista uma idade ideal
para a castração, é normalmente aceito que a castração antes da
puberdade (até 8 meses de idade) ajuda a maioria dos cães a não desenvolver hábitos
que demorariam muito a serem corrigidos, mesmo depois do cão ter sido castrado.
Além disso, cães castrados antes da puberdade tendem a ficar mais brincalhões
e mais suaves nas suas brincadeiras, sendo inclusive melhor aceitos por outros cães,
tendem a engordar muito menos depois da cirurgia, e, no caso das fêmeas, a
castração antes do primeiro cio é muito mais efetiva na prevenção do câncer
de mama. Já para quem quer ter um cachorro de trabalho, por exemplo para caça
e pastoreio, o melhor seria esperar até que o cão tenha atingido a sua
maturidade emocional (por volta dos 2 anos de idade) para que os seus instintos
naturais se firmem melhor.
Para aqueles que querem participar de
competições de conformação e beleza a castração não é uma alternativa, já
que cães castrados não podem participar dos shows. Para aqueles que estão preocupados
com o fato de que cães castrados tendem a ficar mais gordinhos, saibam que
basta manter uma rotina diária de exercícios e reduzir de 10% a 20% as
calorias de sua dieta.
Em compensação existem algum mitos
sobre cachorros intactos que devemos esclarecer.
Cães machos não ficam mais estáveis
emocionalmente só porque cruzaram. O mesmo pode ser dito para as fêmeas. Muitas pessoas acreditam que suas
cadelas ficaram mais calmas e responsáveis depois que tiveram a sua primeira
ninhada, mas o que acontece na verdade é que a maioria das cadelas cruza no
segundo ou terceiro cio (entre 1 ano e meio e dois anos), época em que ela está
naturalmente atingindo a sua maturidade emocional.
Para ilustrar casos de sucesso com a
castração dos peludos, ai vão algumas histórias reais.
Uma grande amiga minha possui 6
cachorros de raça grande. Três machos (um Labrador, um Rhodesiano e um Bouvier
de Flandres) e três fêmeas (duas Bouvier de Flandres e uma Rhodesiana). Quando
o machinho Bouvier começou a chegar na puberdade (com cerca de 8 meses de
idade), os problemas de briga entre os machos começaram a acontecer. O Leão da
Rhodesia, que é extremamente disciplinado e submisso dentro da sua matilha
(embora ele seja o melhor cão de guarda da turma e o mais agressivo com cães
estranhos que invadam seu território) passou a ser sistematicamente atacado
pelo Bouvier, toda vez que o Labrador (líder da matilha) tentava evitar que o
Rhodesiano se aproximasse da dona. Era só o Labrador segurar o Rhodesiano
(gentilmente é verdade), que o Bouvier vinha com grande agressividade e passava
a mordê-lo nas coxas traseiras. Muitas brigas e pontos depois a dona finalmente
desistiu de deixar que eles aprendessem a se comportar bem e levou todo mundo
para castrar. Três semanas depois da cirurgia já se notava uma mudança
significativa no comportamento dos machos que nunca mais brigaram e estão muito
mais tranqüilos. Ah! e ninguém ficou ridicularizando ninguém ou desconfiando
da masculinidade do Cãopanheiro :-). Na verdade a mudança no comportamento
indesejado deles foi tão expressiva que minha amiga resolveu que vai castrar
também as fêmeas (que já estão começando a se olhar meio atravessadas), além
do que vai evitar que os cachorrinhos da vizinhança sejam deglutidos pelos cães
da casa, pois os intrusos não conseguem se controlar quando as meninas entram
no cio.
Um outro caso interessante é o da
minha cunhada. Ela tem um Poodle macho de 6 anos que há 4 anos vem tentado
matar o meu irmão. Fizemos um programa intenso de recondicionamento do
bichinho, mas eles não conseguiram levar
adiante. Finalmente, depois de 2 anos perturbando a minha cunhada, ela resolveu
considerar a castração do filhotinho de diabo da tasmânia. Já faz 6 meses
que ele foi castrado. A relação com o meu irmão melhorou muito, embora
continue, digamos, delicada, mas com as pessoas em geral ele melhorou 200%.
Antes da cirurgia ele não podia nem sequer ser acariciado. Sempre rosnava e
tentava morder qualquer um que tentasse chegar perto da dona. Hoje ele está tão
mais relaxado e feliz que não precisa mais ficar sozinho e trancado no
apartamento quando a família sai para passear. Agora ele já pode ir aos
passeios e é muito bem-vindo na minha casa. Nunca mais aconteceram brigas entre
ele e o meu cachorro. A vida deste cachorro já mudou tanto que tenho certeza
que todo o ambiente a volta dele irá ajudar a mudar o que resta de dominância,
disputa, e desconfiança com os humanos e machos em geral.
E pra não dizer que a gente não
toma do próprio remédio, devo informar que também já estamos preparando o
nosso cachorro. Isso mesmo o próprio Bife já está na fila de espera para uma
castração. Por que nós vamos castrar o Bife? Porque não vejo nenhum motivo
razoável para mantê-lo intacto. Nós não pretendemos cruzá-lo. Além de ser
muito
difícil achar uma fêmea da mesma raça que ele, não vejo motivos para
satisfazer meu ego com uma ninhada do meu filho macho pródigo e nem aconselho
que a maioria dos mortais possua um Jack Russell Terrier. Eu sei muito bem a
encrenca que é. Não existe nenhuma contra-indicação médica quanto a
castração e na verdade ele só irá se beneficiar deixando de correr riscos de
contrair câncer nos testículos e na próstata. Além disso tenho
esperanças de que ele faça parte dos 63% de cães que deixam de ser agressivos
com outros machos. Hoje esta é uma condição que limita bastante a interação
do Bife com outros cães e tenho certeza de que ele vai adorar brincar com
outros amigos se deixar de vê-los como competidores e inimigos em potencial.
O único motivo para não termos
ainda feito a cirurgia é que estamos tentando encontrar uma prótese de
silicone para colocar no lugar das bolinhas originais. Isso mesmo, para aqueles
donos que, como o meu marido, acham que
dói na própria pele olhar um cachorro macho sem o saquinho, já existem no
mercado próteses de silicone (que não vazam como os famosos peitões de
silicone usados pelas fêmeas humanas, especialmente da série SOS Malibu :-D)
que podem ser colocadas e mantém a aparência natural dos caninos. Tudo pelos
humanos, já que os cães não dão a mínima para estes conceitos estéticos.
E pra finalizar, lembramos que a
melhor pessoa, sempre, para tirar as suas dúvidas, deixá-lo tranqüilo e
confiante, e para cuidar do seu animalzinho é, sem dúvida nenhuma, o seu
veterinário de confiança. Portanto, não deixe
nunca de conversar com ele antes de tomar uma decisão quanto a castrar ou não
o seu animal, quais os riscos envolvidos e qual a melhor época para fazê-lo.
E não podemos deixar de pensar um pouquinho na super população dos cães, especialmente nos de rua, que vivem em condições absolutamente indignas. Muito obrigada a todos os veterinários que dedicam parte do seu dinheiro e muito do seu tempo e carinho para castrar animais de rua abandonados e que não cobram nada por isso.
Algumas fontes utilizadas como consulta:
Behavior Problems in Dogs - William E. Camplbell
Dog Psychology - Leon F. Whitney, D.V.M.
The Dog's Mind - Bruce Fogle, D.V.M., M.R.C.V.S.
Castration of Adult Male Dogs: Effects on Roaming, Aggression, Urine Marking , and Mouting - Sharon G. Hopkins, D.V.M.; Thomas A. Schubert, B.S.;Benjamin L. Hart, D.V.M., Phd.
The Ethics and responsibilities of Spaing and Neutering - John Cargill, M.A., M.B.A.,M.S.; Susan Thorpe-Vargas, M.S., Phd.
Pyometra Puts Intact Females at Risk - John Cargill, M.A., M.B.A., M.S.
Dog Fancy jul/96; ago/96
Dog World nov/95
Cláudia Pizzolatto
Lord Cão - Treinamento de Cães Ltda.
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